Qual é o paradeiro do tamanduá-bandeira nas paisagens dominadas por cana-de-açúcar no sudeste
do Brasil? Essa foi a questão central que sustentou um projeto que Adriano Chiarello, membro do
nosso Grupo de Especialistas, coordenou anos atrás e fundamentou a tese de sua, então,
doutoranda Natalia Versiani, entre outras iniciativas ainda em andamento em seu laboratório de
pesquisa. Os principais resultados do projeto mostram que, surpreendentemente, a espécie ainda
ocupa 50% dessas paisagens, o que pode ser uma boa ou uma má notícia, dependendo se olharmos
para o copo meio cheio ou meio vazio… Os resultados também revelaram que este animal ocorre
nas áreas que concentram vegetação nativa, incluindo áreas de preservação permanente e reservas
legais. Vida longa e próspera ao Código Florestal Brasileiro, que protege essas áreas de vegetação
nativa dentro das propriedades rurais privadas.
Por fim, também revelaram que o tamanduá-bandeira faz uso mais intensivo de estradas de terra,
talvez na tentativa de minimizar as perdas energéticas que teriam ao cruzar as paisagens
modificadas pelo homem. Inclusive, as margens dessas estradas podem se apresentar como
oportunidades de área de forrageamento. Mas, como esse uso diferencial pode expor os animais aos
perigos das estradas, o estudo destaca a necessidade de mais atenção a essas estruturas. Aproveite
a leitura!

N.F. Versiani et al. (2021): Protected areas and unpaved roads mediate habitat use
of the giant anteater in anthropogenic landscapes. Journal
of Mammalogy, gyab004.